A notícia já era, até certo ponto, esperada. Mesmo assim, o mundo se surpreendeu com as manchetes que tomaram o noticiário internacional anunciando a renúncia do líder cubano Fidel Castro, 81 anos, do cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante das Forças Armadas. Adoentado, visivelmente abatido e com sinais explícitos de esgotamento físico, Fidel estava no poder havia 49 anos. Para muitos, ele é ídolo, mito e símbolo de resistência. Para outros tantos, não passa de um ditador, representante de um sistema retrógrado e autoritário.
A atitude de Fidel foi mais uma cartada do velho e carismático líder. Enquanto as agências internacionais, na verdade, esperavam receber a notícia de sua morte, ele atacou de mestre espantando o mau agouro e dando a entender que uma transição, preservando as conquistas da revolução e o próprio regime socialista, pode estar em curso em Cuba. Fidel está administrando sua sucessão. Notícia que irrita, profundamente, os exilados cubanos de Miami e o governo dos Estados Unidos, a mais de 40 anos concorrendo, sem sucesso, para o fim daquele regime. O agouro continua. O embargo também.
Depois de quase meio século a frente do Regime Socialista na Ilha pode-se questionar o legado que Fidel deixa para o seu país ou, ainda, qual teria sido o destino de Cuba sem ele e a Revolução. No primeiro caso os cubanos herdam um regime centralizador, unipartidário, com raríssimas oportunidades para o exercício da liberdade de expressão, reunião e organização, num país isolado e atrasado tecnologicamente. Contraditoriamente, um regime com índices sociais invejáveis até por países ricos, com destaque para a saúde, educação e esportes, nos quais o país é uma potência.
No segundo caso, se Cuba não tivesse seguido na trilha do socialismo, é muito provável que estivesse na mesma posição de seus vizinhos na América Central, Haiti, República Dominicana, Honduras, Guatemala, entre outros, em que a situação sócio-econômica é, por demais, conhecida pela miséria e atraso em que vivem. Nunca é demais lembrar que antes da Revolução Cuba era uma Ilha, na qual os Norte-Americanos sustentavam a Ditadura de Fugêncio Batista e visitavam para freqüentar cassinos, prostíbulos e outras fantasias. Quanto a Fidel, ele mesmo disse: "Podem condenar-me, não importa, a história me absolverá".
A revolução cubana exerceu grande fascínio no Brasil: Juscelino Kubitschek recebeu com honras Fidel Castro; Jânio Quadros condecorou Che Guevara; nos anos 60 grupos guerrilheiros adotaram a teoria do foco cubana para derrubar a ditadura militar. Já Caruaru foi uma cidade extremamente reativa as idéias socialistas, tendo suas instituições se mobilizado para anular a ação de células comunistas e perseguir simpatizantes. Enfim, o socialismo não triunfou, o capitalismo venceu, mas não convenceu e os ideais por justiça social continuam acesos.
Por Veridiano Santos em 25/02/2008
Do Site da ASCES - Blog Histórias e Memórias
Por Veridiano Santos em 25/02/2008
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